Korchnoi coloca Mecking no mesmo nível de Carlsen e Tal
Rival na década de 1970, suíço elogia Mequinho em entrevista para a 'New in Chess'
"Eu nunca fui um prodígio no xadrez", diz ele |
Em uma longa entrevista de nove páginas, Korchnoi citou o brasileiro quando comentava sobre seu mais novo livro com suas melhores partidas. “Eu vejo Henrique Mecking em um grupo de três pessoas: Mikhail Tal, Magnus Carlsen e Mecking”, declarou o suíço em tom solene, diz a revista, a partir da página 39.
Viktor, “o Terrível” - apelido que herdou pelo seu espírito combativo e pelo xadrez dinâmico e lutador que sempre apresentou, desde quando ainda defendia a bandeira da União Soviética e rivalizava com o GM Anatoly Karpov pelo título de campeão mundial, deixado vago pelo norte-americano Bobby Fischer – nunca foi amigo de Mequinho, apesar de ter defendido e elogiado o brasileiro em diversas ocasiões (leia mais aqui e aqui).
Match de 1974 é retratado em novo livro de Korchnoi |
Apesar de ter perdido para Karpov nas três vezes em que disputaram a coroa máxima (em 1974, 1978 e 1981), Korchnoi é considerado por muitos teóricos como um “campeão mundial sem coroa” – mesma honraria fictícia que é dada a Paul Keres e David Bronstein, por exemplo. Inclusive, na famosa série de livros Meus Grandes Predecessores, de Garry Kasparov, Korchnoi é citado no capítulo sobre Karpov (volume 5 da obra).
Para o suíço, Mequinho se assemelha a Carlsen e a Tal porque os três tinham algum conhecimento sobre xadrez, ascenderam de onde não se esperava, demonstrando uma incrível força de vontade e, principalmente, possuíam um grande poder de indução sobre seus adversários - o que Korchnoi chamou de “poder hipnótico”.
Viktor e os atentos Aronian, Gashimov, Carlsen e Giri |
Ao saber da entrevista, por meio da Rádio Xadrez, Mequinho, que se preparava para viajar a Ilhas Canárias, onde disputaria o Torneo Bahía Feliz, disse ter ficado contente com as “boas notícias”. Sempre sucinto quando comenta algo do seu passado, o brasileiro limitou-se a agradecer pela informação e pedir que torcêssemos por ele em sua peregrinação para voltar ao topo mundial.
A Rádio Xadrez respeita os direitos autorais da New in Chess e demais publicações e, por isso, não irá disponibilizar cópia da entrevista de Korchnoi no site. Para adquirir um exemplar [3ª edição de 2011, publicada em maio, com o GM Levon Aronian na capa], visite este link. No entanto, para atender aos nossos leitores, reproduziremos a seguir um trecho, traduzido do inglês, que representa menos que 10% da matéria original. Desfrutem!
New in Chess – Fischer e Kasparov se sustentaram com o que Bronstein, Keres e Botvnnik construíram...
Viktor Korchnoi – Eu acho que sim. Eles usaram tudo o que Keres, Lasker e Alekhine produziram. Eles usaram tudo efetivamente. Mas Bronstein foi mesmo um criador.
VK – Mas Tal não foi um “criador”, não, não. Tal apenas fazia combinações fantásticas, mas isso não era nada criativo [e Korchnoi ri, como quando ele diz algo controverso, mas que gosta de ter dito – nota do autor]. Em meu novo livro, analisei o match que disputei contra o brasileiro Henrique Mecking, em 1974, nos Estados Unidos. Na introdução ao jogo, digo que há algo original sobre Henrique Mecking. Foi fantástico que ele se tornou um forte jogador de xadrez em um país onde o futebol, não o xadrez, é o maior esporte. Ele ganhou dois Interzonais, isso é inacreditável. Eu vejo Henrique Mecking em um grupo de três enxadristas [então Korchnoi começa a falar solenemente, para que possamos compreender a importância da declaração – nota do autor], que são: Mikhail Tal, Magnus Carlsen e Mecking! É isso! E o que eles têm em comum? Porque ninguém até hoje disse isso! Eles têm algum conhecimento sobre xadrez, uma tremenda força de vontade e um tremendo poder hipnótico sobre seus adversários. Um tremendo poder hipnótico [e ele começa a gargalhar – nota do autor].
NIC – Isto é, mais do que conhecimento...
VK – Sim, é muito mais do que conhecimento. É isso o que eu digo em meu novo livro, e nunca foi publicado ou dito antes. Mas as pessoas lerão isso em meu livro.
Carlsen, Mecking e Tal: para Viktor Korchnoi, eles estão na mesma categoria |
Entrevista na Rádio Tinamar
O GM Henrique Mecking concedeu entrevista para a Rádio Tinamar, durante o programa La Hora del Ajedrez, duas rodadas antes do fim do Torneo Bahía Feliz, nas Ilhas Canárias.
A entrevista, que pode ser ouvida no link abaixo a partir do minuto 28, foi feita por Juan Ramón Jerez López, um empresário que dirige o programa todas as quartas-feiras à tarde.
Também participam o GM Francisco Vallejo e o organizador do torneio Roman Krulich.
Nota pública
Mequinho também publicou uma nota pública sobre seu desempenho em Ilhas Canárias e sobre seus planos para o futuro.
O texto completo, assinado pelo próprio GM, pode ser lido no site Clube de Xadrez On-Line (clique aqui). Aproveitando esse pronunciamento, vários fãs brasileiros deixaram registrados no espaço elogios e mensagens de incentivo para o brasileiro. E Mecking voltou a escrever, na mesma caixa de comentários na página, agradecendo o carinho.
* Nosso agradecimento especial para o MI Rodrigo Disconzi, o enxadrista Tiago Pereira Rodrigues e o empresário Juan Ramón Jerez, que contribuíram para a elaboração deste post.
* Nosso agradecimento especial para o MI Rodrigo Disconzi, o enxadrista Tiago Pereira Rodrigues e o empresário Juan Ramón Jerez, que contribuíram para a elaboração deste post.
11 comentários:
O Mequinho é incrivelmente narcisista, todas as entrevistas ele só fica enrolando, não fala nada com nada e não responde às principais questões.
E vocês ficam babando muito o ovo dele! Parece aqueles jornalistas que ficam puxando saco de jogadores que não falam porcaria nenhuma!
A Rádio Xadrez é assim, Salles é o polêmico, morde e provoca, e Tiago é o chefinho, puxa saco dos GMs e abre as portas sempre...
Obrigado pela crítica, "anônimo". Mas, nesse caso, a entrevista nem foi do Mequinho. Foi do Korchnoi.
Abraço,
@tasantos
Essa foi boa, Anonimo2! Entao vc preferia que os GMs nao viessem a Radio Xadrez? Que só tivesse entrevista com capivaraS? haha Parabens galera por entrevistar os tops! Esse povo nao sabe o que fala! Abraços do Paraná!
Carlos
Korchnoi cita em sua entrevista: "Ele foi fantástico por se tornar um forte enxadrista em um país onde o futebol é o maior esporte e não havia quase nada de xadrez."
Eis que me pergunto: esse "quase nada" passou a ser "alguma coisa"?
Excelente matéria!
Abraços,
Leandro Salles.
Hum... O Mequinho certamente tem seu lugar na história no xadrez. Mas minha leitura desta entrevista a respeito dele (posso estar enganado) é: se o Korchnoi elogiou a genialidade do Mequinho, comparando-o a Tahl e Carlsen, e se Korchnoi superou Mequinho, então: Korchnoi = Kasparov ou Fischer? Uma forma sutil de autoreverência...
mequinho ficou louco assim como fisher ficou, infelizmente uma doença grave o impediu de chegar mais longe.. o feito do mequinho foi parecido com o do guga no tenis, um esporte sem expressao no nosso pais mais que produziu um genio! quando sera que teremos novamente um brasileiro entre os tres melhores do mundo no xadrez ou no tenis...
Meus caros jornalistas, acho que é uma falha muito grande tirar o elogio de seu contexto e fazer dele um título. Pelo humor do Korchnoi, sabemos que ele não é de elogiar sem cobrar seu preço. Na citação, se observarem o contexto, ele indica com clareza "em que" os três são parecidos: "Mikhail Tal, Magnus Carlsen e Mecking! É isso! E o que eles têm em comum? Porque ninguém até hoje disse isso! Eles têm algum conhecimento sobre xadrez, uma tremenda força de vontade e um tremendo poder hipnótico sobre seus adversários. Um tremendo poder hipnótico [gargalhadas...]". Primeiro, das três "qualidades" é "algum" conhecimento de xadrez, o que não me soa muito como um elogio, mas como uma base "baixa" para dar suporte às duas afirmações seguintes, de onde se tira o motivo do sucesso dos jogadores comparados, senão de sua "força". Aí segue: força de vontade, em segundo, e por último frisado por suas risadas, um poder hipnítco, este sim, o centro do "elogio" e das comparações. Antes de agradecer, Mequinho deveria pesar bem o contexto. Aos meus queridos jornalistas que fazem deste site um sucesso, sempre os engrandeço e espero o melhor, mas hoje acho que o "editor" deixou passar algo, talvez por bias. Cuidado com estes pequenos detalhes, e sigam adiante no caminho do profissionalismo que estão.
Parabéns por esse trabalho,sensacional, e não se i comodem com as críticas, só é criticado quem faz. É extremamente fácil entrar na internet e criticar alguém, difícil é fazer.
Tomara que o Mequinho volte a figurar etre os tops, pois daria exemplo e animaria ainda mais o xadrez nacional. Alguma empresa deveria patrociná-lo fortemente, pois tudo o que ele precisa é de apoio para viajar e de ter uma boa equipe para treinar e estudar. Não é caro. Em troca, ele poderia fazer um tour de simultâneas pelo país: o retorno de marketing seria bom.
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