Foto de Yasuyoshi Chiba, da France Presse |
A PASSAGEM DE ALGUNS DOS MELHORES enxadristas do mundo pelo Brasil, na semana passada, modificou conceitos e impressões que os torcedores tinham sobre os jogadores.
O norueguês GM Magnus Carlsen, 20 anos, por exemplo, foi considerado pela maioria como uma estrela fria, sem carisma e sem preocupação com os seus fãs. Jovem, parecia querer demonstrar sensatez e 'autocontrole' maior do que tem na realidade.
Por outro lado, o norte-americano GM Hikaru Nakamura, 23 anos, que é considerado um jogador de difícil relação com os demais e também com o público, teria passado pelo nosso País com sucesso, levando na bagagem a fama de "japonesinho gente boa", não fosse sua revolta no Twitter após o assalto a Ivanchuk. "Achava São Paulo ok, mas passo a considerá-lo horrível", escreveu Nakamura [o tweet foi apagado algumas horas depois].
Nenhum deles, entretanto, teve mais carisma e ganhou mais adeptos do que o ucraniano GM Vassily Ivanchuk, 42 anos. Seu jeito todo peculiar de "ser" e de "estar" aliado a um grande desempenho na etapa de São Paulo do Grand Slam de Xadrez deram traços heroicos e trágicos (devido ao assalto que sofreu) à sua passagem pela cidade paulista.
Vassily, que tinha todo o direito de se revoltar com o ocorrido e prometer jamais voltar ao Brasil (ele já garantiu que volta em 2012), foi gênio e consagrou-se ainda mais como ídolo da nossa geração enxadrística ao dar a seguinte declaração ao site Chess-News:
"A coisa mais valiosa para mim era o meu jogo de peças,
não em termos de dinheiro... Eu usei essas peças por muitos, muitos anos. Mas
eu espero que esse jogo de peças possa cair nas mãos de uma criança
inteligente e que leve a ela algumas de suas propriedades mágicas para ajudá-la a
se tornar um famoso jogador de xadrez".
Simples, humilde, poético. Ivanchuk, meu ídolo!
* * *
Cobertura da mídia brasileira
A Folha de S. Paulo continua cobrindo o Grand Slam
diariamente e, no domingo, 9 de outubro, o programa Esporte Espetacular, da TV Globo, transmite
reportagem especial sobre Magnus Carlsen, na série "Super-Humanos".
A chamada para o programa foi feita no intervalo do jogo Brasil x Costa Rica e parece que tratarão o tema com destaque. Eu, contudo, terei de concordar com o que Alexandre Sigrist disse em seu twitter (@podcastlebr): "A ciência faria melhor
se estudasse o cérebro de Ivanchuk em vez de estudar o cérebro do Magnus".
Leia mais:
Nenhum comentário:
Postar um comentário