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| Dilma ganhou tabuleiro de xadrez em 2010 Foto: Julia Chequer/R7 |
Mas dessa vez não se trata de denúncias de corrupção ou troca de parlamentares nas cadeiras da Esplanada dos Ministérios.
A queda dos ministros Aloizio Mercadante (Tecnologia), Fernando Haddad (Educação) e Paulo Bernardo (Comunicações) será diante de um tabuleiro de xadrez, quando enfrentarão o lendário ex-campeão mundial Garry Kasparov, 48 anos.
Não há dúvidas de que Kasparov, que já foi candidato às eleições na Rússia, derrotará os ministros em pouquíssimo tempo. A previsão do GM Krikor Mekhitarian, um dos organizadores, é a de que ele não gaste mais de 30 segundos por tabuleiro, por exemplo.
A única coisa que pode dar um Bolão nessa história é qual deles durará mais tempo? E quanto tempo até serem derrubados, um a um, diante do gênio russo?
A única coisa que pode dar um Bolão nessa história é qual deles durará mais tempo? E quanto tempo até serem derrubados, um a um, diante do gênio russo?
As partidas serão disputadas no novo tablet da Semp Toshiba, o MyPad, que é totalmente produzido no Brasil. Para conhecer o aparelhinho, que custa em torno de R$ 1.400, visite este site aqui.
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| Disputa será neste brinquedinho de R$ 1.400 |
Kasparov já está em Buenos Aires, Argentina, na companhia do GM Giovanni Vescovi, e chega ao Brasil no domingo. Seguirá para Brasília onde fará uma simultânea contra 13 jogadores, na sede do Sebrae, às 10 horas, e volta a São Paulo no final da noite. Dormirá no Hotel Sheraton WTC para, na terça-feira, 30 de agosto, conceder entrevista coletiva a jornalistas, pela manhã, antes de sua palestra sobre a Kasparov Chess Foundation.
Estarei na entrevista coletiva de Kasparov e tentarei captar alguma informação mais enxadrística para os leitores do Vida em Miniatura - já que a maioria dos jornalistas confirmados não entendem muito de xadrez; logo, a cobertura da mídia será focada no vértice político/administrador de Garry. Portanto, fiquem ligados aqui no blog e no meu twitter.
A programação completa da visita de Kasparov pode ser lida no site da ADX.
NÃO É A PRIMEIRA VEZ que Garry Kasparov vem ao Brasil enfrentar um político. Em outra passagem pelas terras tupiniquins, há exatos sete anos, Garry jogou uma simultânea contra promissores enxadristas brasileiros e convidados, por ocasião do aniversário de 450 anos da cidade de São Paulo e, também, do lançamento de sua série Meus Grandes Predecessores.
A partida contra Agnelo Queiroz foi analisada pelo MI Rodrigo Disconzi em seu blog: relembre aqui. Na foto acima, podemos ver três promissores talentos do xadrez brasileiro, logo atrás do ex-ministro Queiroz: a WFM Juliana Terao, o enxadrista Rodrigo Jukemura e o IA Mauro Amaral (sacando fotos, de camisa azul).
Não estão nesta imagem acima, mas também enfrentaram Kasparov a WFM Amanda Marques e o enxadrista Silvio Oliveira - o último a perder e também o único a dar algum trabalho ao campeão.
A partida com o Silvio estava sendo acompanhada com entusiasmo pelo público porque, na época, o rating dele ainda não tinha saído, mas seguramente já tinha força de MF. Aquela simultânea foi disputada apenas por jogadores abaixo de 2000-ELO ou sem rating Fide.
Lembro que o Silvio tinha plantado uma armadilha e estávamos ansiosos para ver se Garry cairia. Ao que tudo indica, Kasparov percebeu que o adversário não era tão inocente e havia uma possibilidade dele ser batido, se titubeasse. Então, como que para provocar, ele deu uma vacilada com as mãos ao fazer um lance de Rei, girou a peça por sobre a casa errada alguns segundos e então voltou, decidido, a colocá-la no lugar correto. Nitidamente, ele estava se divertindo e jogando para a torcida!
Veja o vídeo que gravei abaixo, alguns lances antes da tal armadilha:
Lembranças
Também estive naquele evento de agosto de 2004, quando o Brasil recebeu, de uma única vez, três campeões mundiais e mais de 8 mil pontos de rating: Garry Kasparov veio lançar seu livro e jogar a simultânea enquanto os GMs Anatoly Karpov e Viswanathan Anand disputaram um torneio de partidas rápidas com os GMs brasileiros Rafael Leitão, Giovanni Vescovi e Gilberto Milos Jr, além do chileno GM Ivan Morovic.
O Hotel Hilton Morumbi (foto), que sediou o evento na ocasião, nunca respirou tanto xadrez. Além das atividades com os GMs, foi realizado um fortíssimo torneio de 21 minutos, no mesmo fim de semana.
O curioso é que essa foi a única vez em que estive pessoalmente com meus amigos Leandro Salles e Raphael Alonso no mesmo local. A gente sempre se encontrou depois disso, mas nunca mais os três reunidos na mesma vez.
Alguns fatos deste torneio eu ainda me lembro bem: o Leandro pagando R$ 8 em uma água e chegando de limusine, com sua mãe; a Natalia Baccarin contando empolgada como foi pegar um helicóptero com Kasparov; um amigo do Raphael tentando, sem sucesso, ganhar um autógrafo do Kasparov em um livro do Karpov.
Também me lembro que Leandro, Raphael e eu comemos todos os amendoins grátis que serviam no lobby do hotel (adolescentes) e que, por um milagre divino, encontramos Anand e Aruna Viswanathan, sua esposa, almoçando em um shopping ali perto. Ele nos cumprimentou educadamente em espanhol e comeu comida chinesa, duas mesas distantes da nossa.
Anand, um velocista
Algo de que também não me esqueço sobre este torneio é da oportunidade que tivemos de ver um exemplo prático da habilidade de Viswanathan Anand em disputar partidas rápidas.
Todo mundo fala do quanto ele pensa de forma veloz e consegue analisar com profundidade em pouquíssimo tempo. Há até uma anedota famosa que conta que, uma vez, para explicar porque jogava tão rápido, ele teria dito "se eu pensar, me equivoco". Entretanto, ver isso ao vivo é uma sensação única.
Em uma das rodadas, à noite, Anand enfrentava o brasileiro Gilberto Milos, na mesa 3. Eram três mesas enfileiradas: na primeira, jogavam Leitão e Vescovi; na segunda, Karpov e Morovic. Ao fundo, estavam Milos e o indiano.
Anand movia suas peças de forma tão rápida que Milos já estava no apuro de tempo enquanto que, para o indiano, restavam 'apenas' 20 minutos. Nada incomum até então, já que as partidas de Vishy com acréscimo costumavam acabar com ele tendo mais tempo do que quando começaram. A surpresa ainda estava por vir.
Em dado momento, quando Milos gastava seu tempo tentando salvar-se da derrota, Anand passou a observar, pelo telão, o jogo de Leitão e Vescovi, que entrava em um final empolgante na outra ponta da sala. Qualquer jogador "normal" passeia pelas partidas dos outros, enquanto aguarda o desfecho da sua própria, mas nunca vi ninguém entender com tanta profundidade o que se passa em outro tabuleiro durante o seu jogo. Assim que Milos abandonou, o indiano se juntou a Karpov, que analisava o final de Leitão e Vescovi, e deu sugestões tão sensacionais que estavam passando batidas pelos três GMs na mesa.
A foto que eu não tenho
O árbitro internacional Mauro Amaral sempre me cobra uma fotografia deste evento, que eu já falei mil vezes para ele que não tenho mais, porém ele insiste em pedi-la todas as vezes em que me encontra.
No final do primeiro dia, quando já não havia quase ninguém no salão de jogos, o então presidente da FPX José Alberto dos Santos teve uma discussão calorosa com o educadíssimo árbitro Herman Claudius van Riemsdijk. Não lembro bem o motivo, mas era algum problema sobre o torneio.
Nós fotografamos a cena por vários ângulos, praticamente contando a história inteira em imagens, e o Mauro já sonhava com a publicação bombástica daquela "fotonovela". Entretanto, naquela época, as câmeras digitais tinham bem pouco espaço na memória e eu tive de apagar as fotos da briga para poder salvar esta minha foto com Anand:
O Mauro nunca mais me perdoou, mas minha mãe adorou a foto e o autógrafo do Anand, que deixei com ela em Taubaté.
Mais Fotos:
Para ver todas as fotos daquele evento, acesse meu álbum no Flickr:
Leia mais:
Há 7 anos, Kasparov enfrentou ex-ministro Agnelo Queiroz
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| Simultânea de Kasparov no Brasil em agosto de 2004 |
NÃO É A PRIMEIRA VEZ que Garry Kasparov vem ao Brasil enfrentar um político. Em outra passagem pelas terras tupiniquins, há exatos sete anos, Garry jogou uma simultânea contra promissores enxadristas brasileiros e convidados, por ocasião do aniversário de 450 anos da cidade de São Paulo e, também, do lançamento de sua série Meus Grandes Predecessores.
A partida contra Agnelo Queiroz foi analisada pelo MI Rodrigo Disconzi em seu blog: relembre aqui. Na foto acima, podemos ver três promissores talentos do xadrez brasileiro, logo atrás do ex-ministro Queiroz: a WFM Juliana Terao, o enxadrista Rodrigo Jukemura e o IA Mauro Amaral (sacando fotos, de camisa azul).
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| Na época, prefeita, Marta Suplicy ao lado de Kasparov e Anand |
A partida com o Silvio estava sendo acompanhada com entusiasmo pelo público porque, na época, o rating dele ainda não tinha saído, mas seguramente já tinha força de MF. Aquela simultânea foi disputada apenas por jogadores abaixo de 2000-ELO ou sem rating Fide.
Lembro que o Silvio tinha plantado uma armadilha e estávamos ansiosos para ver se Garry cairia. Ao que tudo indica, Kasparov percebeu que o adversário não era tão inocente e havia uma possibilidade dele ser batido, se titubeasse. Então, como que para provocar, ele deu uma vacilada com as mãos ao fazer um lance de Rei, girou a peça por sobre a casa errada alguns segundos e então voltou, decidido, a colocá-la no lugar correto. Nitidamente, ele estava se divertindo e jogando para a torcida!
Veja o vídeo que gravei abaixo, alguns lances antes da tal armadilha:
Lembranças
Também estive naquele evento de agosto de 2004, quando o Brasil recebeu, de uma única vez, três campeões mundiais e mais de 8 mil pontos de rating: Garry Kasparov veio lançar seu livro e jogar a simultânea enquanto os GMs Anatoly Karpov e Viswanathan Anand disputaram um torneio de partidas rápidas com os GMs brasileiros Rafael Leitão, Giovanni Vescovi e Gilberto Milos Jr, além do chileno GM Ivan Morovic.
O curioso é que essa foi a única vez em que estive pessoalmente com meus amigos Leandro Salles e Raphael Alonso no mesmo local. A gente sempre se encontrou depois disso, mas nunca mais os três reunidos na mesma vez.
Alguns fatos deste torneio eu ainda me lembro bem: o Leandro pagando R$ 8 em uma água e chegando de limusine, com sua mãe; a Natalia Baccarin contando empolgada como foi pegar um helicóptero com Kasparov; um amigo do Raphael tentando, sem sucesso, ganhar um autógrafo do Kasparov em um livro do Karpov.
Também me lembro que Leandro, Raphael e eu comemos todos os amendoins grátis que serviam no lobby do hotel (adolescentes) e que, por um milagre divino, encontramos Anand e Aruna Viswanathan, sua esposa, almoçando em um shopping ali perto. Ele nos cumprimentou educadamente em espanhol e comeu comida chinesa, duas mesas distantes da nossa.
Anand, um velocista
Algo de que também não me esqueço sobre este torneio é da oportunidade que tivemos de ver um exemplo prático da habilidade de Viswanathan Anand em disputar partidas rápidas.
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| Anand derrota Milos... |
Em uma das rodadas, à noite, Anand enfrentava o brasileiro Gilberto Milos, na mesa 3. Eram três mesas enfileiradas: na primeira, jogavam Leitão e Vescovi; na segunda, Karpov e Morovic. Ao fundo, estavam Milos e o indiano.
Anand movia suas peças de forma tão rápida que Milos já estava no apuro de tempo enquanto que, para o indiano, restavam 'apenas' 20 minutos. Nada incomum até então, já que as partidas de Vishy com acréscimo costumavam acabar com ele tendo mais tempo do que quando começaram. A surpresa ainda estava por vir.
Em dado momento, quando Milos gastava seu tempo tentando salvar-se da derrota, Anand passou a observar, pelo telão, o jogo de Leitão e Vescovi, que entrava em um final empolgante na outra ponta da sala. Qualquer jogador "normal" passeia pelas partidas dos outros, enquanto aguarda o desfecho da sua própria, mas nunca vi ninguém entender com tanta profundidade o que se passa em outro tabuleiro durante o seu jogo. Assim que Milos abandonou, o indiano se juntou a Karpov, que analisava o final de Leitão e Vescovi, e deu sugestões tão sensacionais que estavam passando batidas pelos três GMs na mesa.
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| E ainda 'ensina' como vencer em Leitão e Vescovi |
O árbitro internacional Mauro Amaral sempre me cobra uma fotografia deste evento, que eu já falei mil vezes para ele que não tenho mais, porém ele insiste em pedi-la todas as vezes em que me encontra.
No final do primeiro dia, quando já não havia quase ninguém no salão de jogos, o então presidente da FPX José Alberto dos Santos teve uma discussão calorosa com o educadíssimo árbitro Herman Claudius van Riemsdijk. Não lembro bem o motivo, mas era algum problema sobre o torneio.
Nós fotografamos a cena por vários ângulos, praticamente contando a história inteira em imagens, e o Mauro já sonhava com a publicação bombástica daquela "fotonovela". Entretanto, naquela época, as câmeras digitais tinham bem pouco espaço na memória e eu tive de apagar as fotos da briga para poder salvar esta minha foto com Anand:
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| Meu encontro com o campeão mundial, Viswanathan Anand |
O Mauro nunca mais me perdoou, mas minha mãe adorou a foto e o autógrafo do Anand, que deixei com ela em Taubaté.
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Mais Fotos:
Para ver todas as fotos daquele evento, acesse meu álbum no Flickr:
Leia mais:
5 comentários:
Que relato primoroso ! Parabéns !
Para quem não tem twitter, vale comentar aqui:
Levo comigo na entrevista coletiva do Kasparov quem me achar nesta foto aqui: http://twitpic.com/6cxpxw
Valendo!
Só pra não dizer que eu não tentei rsrsrs:
Você é o cara que está olhando por cima do ombro do homem de camisa branca que está bocejando(perto do cara com a camisa do chapolin)?
Só espero que você não diga que vocẽ é quem tirou a foto. rsrs
Abraço, e parabéns pela matéria, ficou muito boa.
Passou perto, Brian! Mas não sou este não. E também não fui eu quem tirei a foto, eu apareço na foto! rs
Abraços!
Excelente post!! É o tipico relato que todo aficcionado não pode deixar de ler!!
Saudações enxadristicas!!
Kruger
Krugercwb.blogspot.com
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